"Vi em Roma, uma cidade de pescoços á espera que eu os mande cortar" - Caius Caligula

sábado, 28 de agosto de 2010

Afinal, Nem Tudo Está Perdido...



 Hoje, ao abrir o “Badaladas”, Jornal Regional que abrange a geografia da minha mui querida terra de adopção,  A Dos Cunhados, edição de 27 de Agosto (ontem), deparei na pág. 23, com um artigo sobre jornalismo português, assinado por um tal de Alexandre Fernandes…

O que passa despercebido à generalidade dos leitores (até porque não existe foto do autor), é que este “Alexandre, morador no quadrante oriental do Concelho de Torres Vedras (para não divulgar a povoação e assim, manter a sua privacidade), tem apenas 14 anos.
Debaixo dos seus 14 anos ainda frescos, escreve como um adulto, opinando de forma coerente, com ideias concretas e definidas.
Ainda, tem opinião sobre algo, que não musica, saídas á noite, cinema, internet ou roupa da moda …
Escreve (e não só neste artigo), sem trocar os “CHs”, os dois “Ss”, ou o fim das palavras por “X”, ou os “Os” que se lêem “Us” por “Us” ou “UHs”.
Vejo isto como uma lufada de ar fresco, no que considero tratar-se de uma geração de cultura medíocre e com um futuro em tudo, menos risonho.
Alguém com esta idade, que entende o “sentido das coisas”, que mostra apetência por “saber” e que tem interesse nas coisas do mundo real, nos tempos que correm, eu até arrisco afirmar que tens sérias possibilidades de ser vítima daqueles da sua geração, que nele vêem um inimigo da cultura suburbana que vinga nos dias de hoje, em que o que está a dar, é sexo, mentiras, youtube, muita net, dialectos ininteligíveis e muita porrada nos professores.
Ainda, estamos a falar do “Badaladas”…
O artigo a que me refiro, muito provavelmente, não teria lugar num jornal de tiragem nacional, até porque existem demasiados acidentes de viação, crimes, escândalos políticos e económicos para ocuparem as páginas desses jornais e, estes, tendo que se dobrar aos gostos de leitura dos portugueses, dão prioridade ao sangue…
Se, por acaso, o artigo a que me refiro, tivesse honras de edição num jornal maior, o nome do autor nunca iria aparecer. Provavelmente, seria assinado por alguém com nome na praça…
Os mais próximos do meio, bem sabem que muitos dos artigos que lemos em muitos jornais, são construídos, escritos por estagiários e, assinados pelo seu tutor de estágio…
Parabéns Alexandre, por marcares a diferença de uma geração e que muitos e muitas te sigam.
Segue abaixo o artigo a que me referi no início deste texto:

“Já se contam os meses que aqui não escrevo. Podia ter comentado tanta coisa. Da tragédia do Haiti, à tragédia na Madeira. Do “manso é a tua tia pá” de José Sócrates dirigido a Francisco Louça ou da mudança da ministra da Educação. Podia ter comentado a morte do escritor José Saramago como também a morte do jornal 24 Horas. Ou então ter falado do desemprego dos portugueses e do aumento do IVA. E agora no Verão falar deste calor que se faz sentir no nosso país ou então do caso de Francisco Leitão, que é suspeito de ter assassinado tês jovens. Feira de São Pedro ou Carnaval de Verão que ocorreu em Santa Cruz ou do Mundial onde o vencedor foi a selecção espanhola? Também podia ter escrito, tal como o ano passado, da prestação dos Portugal no Festival da Eurovisão. Portugal é tão pequeno, mas o que não falta são notícias que dêem que falar.
Já ninguém pode dizer que não há assuntos para falar, que já não há notícias para fazer, que Portugal já não tem novidades e que ninguém pode opinar algo sobre o país. Os jornalistas são os portadores “do que se passa por cá”. Todos deveriam gostar do jornalismo português. Tenho a certeza que nem todos os portugueses se apercebem disso. O jornalismo é muito importante para o país e para o mundo.
Como seria o país sem notícias? Como saberíamos o que se passava com o nosso país e com o mundo?
Admiro e respeito todos os jornalistas de Portugal, mesmo que errem, como todos erram por vezes a nível profissional. Não digo que o jornalismo seja maravilhoso, pois também tem os seus malefícios, tal como todas as profissões.”
By Alexandre Fernandes In “Badaladas” 

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