Em tempos, na empresa onde trabalho, assisti a uma acção de formação de prevenção e combate a incêndios, monitorizada por um formador da Escola Nacional de Bombeiros.
Este confidenciou-nos (e fez uma pequena demonstração prática) que um cigarro não tem suficiente poder de ignição para causar um incêndio florestal.
Por tudo o que é prática dizer-se na comunicação social, esta “confidência” não terá sido politicamente correcta, mas das duas uma…
Ou acreditamos no saber e experiência do formador, ou fomos formados por um lunático incompetente.
Ainda, o lixo existente nas matas, também não será suficiente para contribuir em grande escala para esta quantidade de incêndios. Se fizermos uma experiência com uma lupa, podemos verificar que se a colocarmos no ângulo certo com os raios solares, a concentração do feixe é tão intensa, que existe evidente poder de ignição.
MAS tem que ser no ângulo certo. Não parece muito provável, que o fundo de uma garrafa de vidro (que pode simular uma lupa), esteja tantas vezes no sitio certo e colocado no ângulo certo, para causar este efeito com frequência.
Fazendo fé no que nos foi ensinado, dos 500 fogos que chegaram a estar activos, em simultâneo em Portugal, podemos concluir que se deverão ou à queda de raios (estes, assumidamente, podem provocar incêndios), ou a negligência (pic-nics com o uso de fogo de forma leviana, ou queimadas fora de época) ou pura intenção criminosa.
Quando damos umas voltas pelas zonas mais densamente florestadas do país e que agora estão queimadas, não é nada invulgar assistir ao abate do que resta das árvores, para comercialização.
Tudo deixa pensar, a acreditar que os fogos não são nem negligentes, nem com origem em causas naturais (queda de raios), que existe uma vertente comercial muito forte que tem todo o interesse nestes incêndios, podendo adquirir, desta forma, matéria prima mais barata.
Então, e se tudo o exposto acima é verdade, é fácil diminuir drasticamente o número de incêndios que assolam o país todos os anos. Basta proibir a comercialização da madeira queimada ou, (mais soft) legislar para que esta tenha que ser substancialmente mais cara do que a madeira verde.
E porque não se legisla nesse sentido? Porque, provavelmente, estamos a chocar com os interesses económicos de meia dúzia de poderosos e, não é a Assembleia da República que manda neste país, mas sim o grande poder económico.
Eu, se pertencesse a uma daquelas aldeias que todos os anos é ameaçada pelo fogo, juntava a população e começava por dar uma valente carga de porrada nos gajos que aparecem pós-fogos a cortar a madeira queimada!
A justiça feita pelas próprias mãos, é feia, mas pode ser a única, quando a outra não funciona.
Ou então, o gajo que nos deu a formação, ou era louco, ou era sócio de uma qualquer empresa de comercialização de madeiras.
Eu, pelo sim, pelo não, não deito beatas janela fora quando conduzo, a não ser que esteja a chover.
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